No Novo Testamento, a palavra usada para a reunião dos
discípulos de Jesus é “Igreja”. Ela foi usada primeiramente por Jesus.
Posteriormente, essa palavra adquiriu vários significados:
1. O grupo de cristãos numa localidade definida
(igreja local em reunião ou não);
2. Uma igreja doméstica (igreja na casa de alguma
pessoa);
3. Todo o conjunto de pessoas que serão ou são
reunidas espiritualmente a Cristo como seu Salvador (aqui se percebe a
catolicidade, ou seja, universalidade).
Em nenhum momento esses significados expressão
estruturas em detrimento da outra ou representam níveis diferentes de comunhão
e espiritualidade. A igreja doméstica não deve ser concorrente da igreja local
e vice-versa. A comunhão na igreja local não deve ser menos do que em outros
espaços. Onde quer que a igreja se encontre, as marcas da comunhão e da fé
devem estar presentes. As igrejas domésticas devem ser expressão das igrejas
locais e vice-versa. Se não encontramos na Igreja Primitiva qualquer disputa em
torno do ser igreja na diversidade de possibilidades (seja de espaço, número de
participantes ou estrutura), não deve ser diferente em nossos dias.
Essencialmente, a Igreja é a comunhão invisível e
espiritual dos santos (os crentes). Ela inclui os crentes de todas as épocas.
Como diz Berkhof: “É o corpo espiritual de Jesus Cristo, destinado a refletir a
glória de Deus como esta se manifestou na obra da redenção”. Cada crente, ao
participar de sua igreja, deve sentir parte de algo maior e mais extenso. Ele
faz parte da igreja que os apóstolos foram membros, que os mártires fez ecoar
seu testemunho e que os defensores da fé fizeram do grito do Evangelho a
resposta contra o paganismo. Uma nuvem de testemunhas nos rodeia e torce por
nós para que levantemos a bandeira da fé com altruísmo, temor e amor.
Além dos significados já destacados, podemos
considerar algumas distinções existentes no uso da palavra “igreja”. Vejamos:
1.
Igreja Militante e Igreja Triunfante – A igreja militante é a igreja presente. Sua igreja
é igreja militante! Estamos empenhados numa guerra contra o maligno. Não é por
acaso que vez por outro um cai quando em combate. O inimigo tem força, mas
poderoso é Deus para nos fazer levantar. Ore e ajude aos combates dessa igreja
que às vezes sucumbem às tentações, lutas e privações. Numa guerra os feridos
podem também serem vencedores! Em vez de se escandalizar ao ver um “ferido de
guerra” em nosso exército, firme seu coração com esse pensamento: “Realmente o
inimigo quer nos abater. Se depender de mim em Cristo Jesus, ele não vencerá e
nem derrotará definitivamente o meu irmão”. Já a igreja triunfante é daqueles
que já morreram no Senhor. Diz Berkhof: “A igreja no céu, por outro lado, é a
igreja triunfante, em que a espada é trocada pela palma da vitória, os gritos
de guerra se tornam cânticos de triunfo e a cruz é substituída pela coroa”. Ao
pensar nessa igreja, o crente firma seus passos, agarra o escudo da fé e move a
espada do Espírito. Sabe que o triunfo é mais além. O caminho até ao céu é
percorrido vencendo o diabo!
2. Igreja Visível e Igreja Invisível – O trigo e o
joio se misturam. Existem bodes no meio das ovelhas. A verdadeira igreja, que é
essencialmente espiritual, o olho humano não pode ver. Então vamos desconfiar
do que vemos se ela é mistura? Jamais a certeza de que o trigo e o joio estão
presentes em nossa igreja deve produzir desconfiança. Pelo contrário! Devemos
olhar para a igreja com os olhos da fé e da esperança em Deus. Até mesmo aquele
que podemos considerar como joio em nosso meio, pode ser trigo de Deus. Esse é
o chamado da humildade! Aquele que até parece em nosso meio querer um querubim
em espiritualidade, pode ser um joio. Esse é um chamado para evitar a
vanglória! Olho para a igreja é pela fé vejo somente a Igreja do Senhor. Deus
não nos deu a conhece o trigo e o joio antes do Último Dia, pois conhece o
nosso coração. Buscaríamos arrancar o joio e destruiríamos o trigal do Senhor. Que
o Último Dia me prove o contrário, mas todos os que estão comigo na igreja é
para mim a igreja invisível e visível do Senhor! “E por tua imensa graça lá
estarei!” – eis a nossa esperança e certeza!
3.
Igreja como organismo e Igreja como organização – Isso se aplica
a igreja visível. Hoje se percebe pessoas colocando em disputa a igreja
organismo contra a igreja organização e vice-versa. Conheço pessoas que são
taxativas: “Não quero mais saber de igreja como instituição. Para mim a igreja
é organismo”. O coração humano é mesmo enganoso! A Bíblia jamais apresenta tal
condição. Ambas as realidades são parte da mesma igreja. Como organização, a
igreja torna-se visível nos ofícios, na administração da Palavra e dos
sacramentos e no governo eclesiástico. Como organismo, a igreja é a comunhão
dos santos em sua vida comunitária e como membros individuais que testemunham a
fé em Cristo no mundo. Jamais são indivíduos isolados, folhas secas dadas ao
vento e pastores de si mesmos. Foi Jesus quem organizou a igreja em torno dos
apóstolos (organização) e foi ele quem a instituiu como comunhão (organismo).
Aquele que não se organiza na igreja, não se torna organismo na comunhão da
igreja. Sem esse ajuste, não seremos santuário ao Deus vivo!
Concluindo, a Igreja
é o grupo dos eleitos que são chamados pelo Espírito de Deus (Igreja Invisível)
dentre a comunidade dos que professam a verdadeira fé cristã juntamente com os
seus filhos (Igreja Visível).
Rev. Lucas Guimarães
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Texto disponível em: Igreja Vitória