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┘•┌ INSTRUÇÃO E CULTO DOMÉSTICO: O PAI NOSSO
J. A. Lucas Guimarães
Em 05/11/1864, era publicado o primeiro número do Jornal Impressa
Evangélica, com periodicidade semanal e editoria do rev. Ashbel Green Simonton
(1833-1867). Sobre o que seria o primeiro jornal presbiteriano do Brasil, o
rev. Simonton fez a seguinte anotação em seu Diário, em data de 26/10/1864:
“Ontem de manhã, Santos Neves de Quintano veio à minha casa
receber os originais para o primeiro número da Imprensa Evangélica, um jornal
semanário que resolvemos publicar. Sei da responsabilidade que implica este
empreendimento, e a tenho sentido mais do que em qualquer outra ocasião.
Pusemo-nos de joelhos e entregamos a Imprensa, e nós mesmos, à direção e ao
controle divinos. O caminho parece preparado e não temos outra coisa a fazer
senão ir avante, ousadamente.”
Desse primeiro número, reproduzimos o artigo intitulado de “Instrução e culto doméstico: O Pai Nosso”, contendo um breve catecismo, que segue com atualização da ortografia.[1]
O PAI NOSSO
— Meu filho, o que é orar?
É dizer a Deus tudo o que sentimos e a ele pedir, em nome
de Jesus, tudo o que precisamos. As crianças podem dirigir-se a Deus com a
mesma confiança com que se dirigem a seus pais.
— Quais são os erros que as pessoas muitas vezes cometem em
suas orações?
Muitas pessoas, em vez de se fechar em seu quarto, onde a
alma sem distração pode se elevar a Deus, que está presente em todo lugar, procuram
os lugares mais públicos para serem vistas pelas demais pessoas (Mt. 6.6). Algumas,
à imitação dos pagãos, repetem sempre as mesmas palavras, como se o Deus dos cristãos
não pudesse imediatamente compreender o que desejamos (Mt. 6.7).
— Como é que Deus quer que o chamemos? Não é admirável que
Deus, sendo tão grande e glorioso, consentisse e desejasse que homens pecadores
e até os pequeninos dessem-lhe o nome de pai? Se ele não nos tivesse falado
pela boca de seu Filho Jesus Cristo, teríamos ânimo para assim orar?
Não. Mas agora que ele assim quer, como não devemos estar
satisfeitos e alegres!
— Como é que um bom pai trata os seus filhos?
Ele os ama, sustenta, ensina e os corrige quando fazem coisas
malfeitas.
— Dizendo-se “nosso Pai”, será verdade que Deus promete nos tratar
assim?
Deus assim trata a todos os seus filhos.
— Como podemos ser filhos de Deus?
Por meio da fé em Jesus Cristo (Gl. 3.26).
— Que significa a palavra “nosso”?
Que Deus tem muitos filhos e todas as pessoas são irmãs, e
devem amar umas as outras e orar umas pelas outras.
— Por que se diz estar “Deus nos céus”?
Para nos fazer entender a grandeza e a gloria de Deus, e a mentira
daqueles que ensinam que Deus habita na terra ou tem semelhança alguma. Deus é
celeste e invisível.
— Qual é a primeira petição do “Pai Nosso”? Qual é a razão
de principiar essa oração assim?
Para dar a saber que a gloria do nome de Deus é o fim
principal do ser humano e de todas as cousas (Rm. 11.36 e 14.7-9).
— Como é que se santifica o nome de Deus?
Santificamos o nome de Deus, quando temos no coração os
seguintes pensamentos e sentimentos: que ao ouvirmos ou pronunciarmos o seu
nome, o façamos com reverencia, humildade e amor.
— Como fazem os Anjos a este respeito?
“E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo
é o Senhor dos Exércitos. Toda a terra está cheia da sua glória” (Is. 6.3).
— Será possível que as pessoas, que a cada momento falam em
Deus, o fazem com essa reverencia?
Não. Porque as maioria das vezes é só por costume.
— Que mandamento da lei é violado por este mau-costume?
Não tomar o nome do Senhor Deus em vão (Ex. 20.7).
— Qual é a segunda petição?
“Venha o teu reino” (Mt. 6.10).
— O que é o reino de Deus?
Justiça, paz e alegria do Espírito Santo (Rm. 14.17).
— Pedindo que o reino de Deus venha, o que é que desejamos?
Que Deus nos faça e a todas as pessoas justas, cheias da paz
e felizes.
— Qual é a terceira petição?
“Faça-se a tua vontade assim na terra como no céu” (Mt.
6.10).
— Como se faz a vontade de Deus nos céus?
Perfeitamente.
— Para que alguém faça esse rogo sem hipocrisia e mentira, o
que é indispensável?
Todo aquele que vive em pecado, violando qualquer preceito da lei de Deus, enquanto continuar a viver assim não pode pedir de coração: “Venha a nós o teu reino.”
_____________________
[1] SIMONTON, A. G. “Instrução e culto doméstico: O Pai Nosso.” In Jornal Impressa Evangélica. Rio de Janeiro, nº 01, 05/11/1864, p. 2-3. Disponível em: http://memoria.bn.br/pdf/376582/per376582_1864_00001.pdf.
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